CÂMARA MUNICIPAL DE ITAPEVA
Palácio Vereador Euclides Modenezi
Avenida Vaticano, 1135 – Jardim Pilar – Itapeva – São Paulo – 18406-380
Secretaria Administrativa

MENSAGEM

Excelentíssimos Senhores Presidentes das Comissões Permanentes,

Excelentíssimos Senhores Vereadores,

JUSTIFICATIVA

Serafim Martins de Oliveira, o conhecido Serafim pipoqueiro, foi uma pessoa conhecida de toda Itapeva por sua esmerada educação e gentileza no trato com todos e por isso muito bem relacionado em nosso meio.

Nascido em 17 de agosto de 1917 na cidade de Embú, na Grande São Paulo, Serafim aqui chegou em 1942, indo diretamente para Ribeirão Branco trabalhar numa carvoaria. Ali não permaneceu muito tempo, tendo sofrido um acidente numa das pernas. Com a vinda para Itapeva para tratar-se, acabou ficando.

Restabelecido, foi trabalhar numa das máquinas de beneficiar algodão que existia naquela época na cidade, na Vila Izabel. Ali permaneceu por algum tempo, passando depois a trabalhar na Serraria do José Lopez Fernandez. De lá passou a trabalhar numa olaria no Bairro de Cima, de propriedade de Mário Soares. Deixando o emprego na olaria, passou a trabalhar na Chácara do Carmo Hussne, no Ribeirão Fundo, em 1948. Foi nessa época que começou a trabalhar com seu carrinho de pipoca, vindo todas as tardes para a cidade, nos fins de semana e dias de festa, empurrando o carrinho, ajudado por sua esposa Servina, desde o Ribeirão Fundo.

Na cidade, conforme o dia ou noite, estacionava em frente ao Cine São José ou na Praça Anchieta. Mantendo ponto na Praça Anchieta, pode-se considerar como o mais antigo comerciante da praça. Hoje a praça mudou! O templo de Santana, então matriz, hoje é Catedral. Lojas, lanchonetes, ópticas, drogarias, hotel, escola de informática, estabelecimentos bancários, contornam a praça que já foi cercada por residências. Os casarios dos idos anos de 1950 não mais existem. Tudo mudou! A praça foi reformada algumas vezes, mas Serafim ali permaneceu servindo sua deliciosa pipoca aos moradores de Itapeva.

Na época que começou a vender pipoca, só havia um carrinho em Itapeva: o de dona Ligia Janeiro, que fazia ponto em frente ao Cinema. Uns anos depois, com a retirada desta do ramo, Serafim ficou sozinho na praça por um bom tempo, dividindo então o trabalho nos dias de semana em frente ao Cine São José, finais de semana na Praça Anchieta e aos domingos de futebol no estádio dos eucaliptos.

Depois de sete anos residindo na chácara de Carmo Hussne, fazendo religiosamente o trajeto chácara-cidade em fins de semana e dias de festa, com a eleição de Carmo Hussne à presidência do extinto Esporte Clube Santana, conseguiu deste a autorização para passar a residir numa casa de madeira dentro da associação esportiva, tornando-se seu zelador sem remuneração alguma. Sua esposa, dona Servina era quem cuidava dos uniformes dos jogadores.

Sob o comando do exigente técnico Antonio Deffune, o Esporte Clube Santana contava na época com uma equipe onde figuravam Tio, Clóvis, Átila, Jarbas, Netinho, Toninho Cavani, Pedrinho da Nhá Mina, João Camargo, Nelsinho de Itaberá, Tácito, Moreno entre outros.

Deixando anos depois a zeladoria do estádio do Esporte Clube Santana, seu Serafim passou a residir em imóvel adquirido a Rua José Basílio de Araújo Ferraz, 162.

Serafim pipoqueiro em seus bem vividos 103 anos manteve dois filhos estudando fora, Rafael e Adriana, frutos do seu segundo casamento com dona Iracema e cuidou também de Magda Gino, que adotou como afilhada.

A falta de reconhecimento das histórias antigas e das figuras locais que desempenham um papel significativo em suas comunidades, precisa ser revista. Muitas vezes, essas histórias passam despercebidas, e as pessoas por trás delas não recebem o crédito merecido por suas contribuições. Histórias como a de Serafim, um homem negro, simples, que se tornou uma figura icônica em Itapeva, muitas vezes não são valorizadas como deveriam.

Essas histórias podem proporcionar uma experiência emotiva e reflexiva para as pessoas ao mostrar como a dedicação e o amor pelo o que se faz pode impactar positivamente uma comunidade.

A tradição da pipoca de Serafim e sua presença constante na vida da cidade destaca a importância das tradições locais e como elas podem unir as pessoas, levantando questões sobre o impacto que indivíduos simples podem ter nas gerações futuras e no tecido de uma cidade.

Serafim enfrentou desafios importantes em sua vida, incluindo um acidente em uma carvoaria que o trouxe a Itapeva. Sua capacidade de superar adversidades e continuar a apoiar sua família com a venda de pipoca ao longo de quase 8 décadas, é uma lição de resiliência. Isso comprova que pessoas comuns podem enfrentar dificuldades e prosperar, deixando um legado de inspiração.

Uma estátua de Serafim com seu carrinho de pipoca na Praça Anchieta, exatamente no lugar onde ele trabalhou por 75 anos, fará com que nossa memória seja aguçada para a real importância da vida e das pessoas.

Nossa proposta tem como embasamento o curta metragem de autoria do roteirista Adriano Vaz, que foi aprovado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, através da Lei Paulo Gustavo.

Dessa forma, pedimos o voto favorável do Plenário à nossa propositura e solicitamos que a mesma tramite em Regime de Urgência.

Solicitamos ainda que os nobres colegas destinem parte do orçamento, através das emendas que estão sendo apresentadas, para a concretização dessa merecida homenagem.

Palácio Vereador Euclides Modenezi, 09 de novembro de 2023.

ROBSON LEITE

VEREADOR – UNIÃO BRASIL

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PROJETO DE LEI 0221/2023

Autoria: Robson Leite

Dispõe sobre a implantação de estátua do Sr. Serafim Martins de Oliveira, na Praça Anchieta..

A Câmara Municipal de Itapeva, Estado de São Paulo, APROVA o seguinte PROJETO DE LEI:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a implantar uma estátua do Sr. Serafim Martins de Oliveira, com seu carrinho de pipoca, na Praça Anchieta, em Itapeva – SP.

§ 1º A referida estátua, em bronze, deverá se acondicionada no exato lugar onde o Sr. Serafim ficava, próximo à Catedral de Sant’Anna, com os dizeres: “SERAFIM: UMA PIPOCA PARA TODA UMA VIDA”.

Art. 2º As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias.

Art. 3º Essa Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio Vereador Euclides Modenezi, 9 de novembro de 2023.

ROBSON LEITE

VEREADOR – UNIÃO BRASIL